1 Deepseek R1: Explicado de Forma Simples
valliemarte956 edited this page 3 weeks ago


Uma das disciplinas que leciono na Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Construção de Interpretadores engloba o processamento de linguagens formais a naturais. Dado o terremoto provocado pela DeepSeek com o seu modelo DeepSeek-R1, fiquei curioso e resolvi fazer um apanhado artigos para que as vozes na minha cabeça se acalmem um pouco. Curiosidade mata gato mas excita o pesquisador. Esse é o resultado deste esforço.

A primeira coisa importante a notar é que o DeepSeek-R1 está sob a licença MIT, e que pode ser encontrado no Hugging Face. Tudo, exceto os dados usados para treinamento, championsleage.review está disponível online, no Hugging Face, no Github e em alguns outros websites.

A grande questão é: porque não os dados de treinamento? A resposta mais óbvia é: porque aqui está o problema. Mas isso fica para outra discussão1.

O R1 chamou a atenção por empatar, ou bater os modelos antigos e tradicionais.

Comparação entre os resultados de diversos modelos

Achei o máximo escrever modelos antigos e tradicionais para uma tecnologia de 4 anos, no máximo.

O R1 quase derrubou a web por, supostamente, ter sido criado com um custo 20 vezes menor.

O que realmente me interessa, já que não tenho acesso aos dados, neste modelo é o uso de Reinforcement Learning por eles que foi descaradamente explicitado em vários artigos abertos. Me interessa porque eu tenho falado para os meus alunos que o próximo salto evolutivo da humanidade será devido a Reinforcement Learning. Então, talvez, só talvez, a DeepSeek não me deixe mentir sozinho.

Uma das inovações do DeepSeek-R1 é a adoção da Group Robust Preference Optimization (GRPO), introduzida no artigo DeepSeekMath: Pushing the Limits of Mathematical Reasoning in Open Language Models sobre o trabalho de Schulman et.al de 2017 Group Robust Preference Optimization in Reward-free RLHF. Essa técnica substitui métodos tradicionais de otimização de políticas, como o Proximal Policy Optimization (PPO), apresentado por Schulman et al. em Proximal Policy Optimization Algorithms. Simplificando, a GRPO permite que o modelo aprenda de forma mais eficaz comparando seu desempenho com o de outros modelos em um grupo, otimizando suas ações para alcançar melhores resultados em tarefas de raciocínio matemático. Essa abordagem torna o processo de treinamento mais eficiente e escalável se comparado com o PPO.

Além da GRPO, o DeepSeek-R1 incorpora a Multi-head Latent Attention (MLA), uma técnica introduzida no DeepSeek-V3, que, por sua vez, foi inspirada no trabalho de Kitaev, Kaiser e Levskaya em Reformer: The Efficient Transformer. A MLA aborda as ineficiências computacionais e de memória associadas ao processamento de sequências longas, especialmente em modelos de linguagem com atenção multi-cabeça. Em termos simples podemos dizer que a MLA melhora a eficiência do modelo ao simplificar a maneira como ele processa as informações. Ela projeta as matrizes Key-Query-Value (KQV) em um espaço latente de menor dimensão, reduzindo a complexidade computacional e melhorando a eficiência do modelo.

Neste momento você tem duas escolhas claras: sentar em um lugar mais confortável já que vai demorar, ou ir fazer scroll no instagram.

Fundamentos da Arquitetura

A sopa de letrinhas que precisa ser consumida, morna e vagarosamente, para entender como o DeepSeek-R1 funciona, de algum tempero.

Algumas das mudanças realizadas pela equipe de DeepSeek, liderada por Luo Fuli um prodígio com cara de atriz de dorama, incluem Mixture of Experts (MoE), Multi-head Latent Attention (MLA), Quantização FP8 e Multi-Token Prediction (MTP). A saber:

Mixture of Experts (MoE)

O mecanismo Mixture of Experts (MoE) ativa apenas um subconjunto dos parâmetros totais dentro de cada bloco Transformer, e.bike.free.fr permitindo economias computacionais substanciais enquanto preserva a qualidade do modelo. Esta ativação seletiva é particularmente vantajosa para escalar os parâmetros do modelo sem aumentar proporcionalmente os custos computacionais.

A função gate de seleção de especialistas é governada por uma função de porta $G( x)$ que direciona tokens $x$ para especialistas $E_k$, definida como:

Cada token é então processado pelos especialistas selecionados, agregados como:

Uma perda de balanceamento de carga é adicionada para encorajar utilização igual dos especialistas, reduzindo gargalos computacionais.

Vamos ver um exemplo simplificado de como o MoE funciona na prática. Imagine que temos:

- 3 especialistas ($ E_1$, $E_2$, $E_3$).

  • Um token de entrada $x$ representando a palavra "computador"

    Primeiro, o token passa pela função gate $G( x)$, que calcula um rating para cada especialista. Vamos dizer que após a transformação $W_gx$ e aplicação do softmax, obtemos:

    Isto significa que:

    - Especialista 1 ($ E_1$): 70% de ativação.
  • Especialista 2 ($ E_2$): 20% de ativação.
  • Especialista 3 ($ E_3$): 10% de ativação

    Agora, suponha que cada especialista processe o token e produza um vetor de características:

    A saída final será a soma ponderada desses vetores, usando os pesos da função gate:

    Agora, picture que após processar vários tokens, notamos que o Especialista 1 está sendo usado 80% do pace. Aqui é onde a perda de balanceamento entra em ação:

    Para $K = 3$ especialistas, a frequência ideal é $ frac 1 K = frac 1 3 approx 0.33$

    Calculando a perda de balanceamento para este caso (com $ alpha = 1$):

    Este valor alto de $L _ balance $ indica um desequilíbrio significativo na utilização dos especialistas, e o modelo será penalizado por isso durante o treinamento, incentivando-o a desenvolver uma distribuição mais equilibrada nas próximas iterações.

    O MoE funciona essencialmente como um sistema de distribuição de tráfego inteligente, onde o "roteador" (chamado de função de gate ou porta) choose qual especialista ou combinação de especialistas deve processar cada token de entrada. Este roteamento é feito de forma dinâmica e aprendida, não através de regras fixas.

    Para entender melhor, podemos fazer uma analogia com um medical facility: Imagine um grande health center com vários médicos especialistas. Quando um paciente chega, comparable a um token de entrada, um enfermeiro de triagem muito experiente, a função de gate, avalia rapidamente o caso e decide quais especialistas devem atender o paciente. Alguns casos podem precisar de apenas um especialista, enquanto outros podem requerer uma equipe de diferentes especialidades.

    No contexto do DeepSeek-R1, este roteamento é representado matematicamente pela função $G( x)$, que podemos entender como um direcionador que:

    1. Recebe um token de entrada $x$.
  1. Avalia suas características através de uma transformação $W_gx$.
  2. Usa uma função softmax para gerar probabilidades de encaminhamento para diferentes especialistas.
  3. Direciona o token para os especialistas mais apropriados

    Finalmente temos a perda de balanceamento de carga. Um mecanismo que evita que alguns especialistas fiquem sobrecarregados enquanto outros ficam ociosos. Para entender este conceito, podemos voltar ao nosso health center:

    Imagine que em um medical facility, alguns médicos especialistas começam a receber muito mais pacientes que outros. Por exemplo, um cardiologista está sempre ocupado, atendendo 80% dos pacientes, enquanto um neurologista mal recebe pacientes. Isso cria dois problemas: o cardiologista fica sobrecarregado, podendo causar atrasos e queda na qualidade do atendimento